sexta-feira, 19 de março de 2010


TEUS PECADOS ESTÃO PERDOADOS...
VAI EM PAZ!

Frei Faustino Paludo, OFMCap


Jesus disse à pecadora: “eu não te condeno. Podes ir, e não peque mais” (Jo 8,11). O sacramento da Penitência não visa culpabilizar as pessoas, mas absolve-las, isto é, libertá-las, reconciliando-as. “Ao pecador que manifestou sua conversão ao ministro da Igreja, pela confissão sacramental, Deus concede o perdão mediante o sinal da absolvição” (RP n. 6 d). Absolver (latim absolvere) significa perdoar, desligar do pecado. Jesus disse: “Eu lhes garanto: tudo o que vocês desligarem na terra, será desligado no céu” (Mt 18,18; cf Mt 16, 19). “Os pecados daqueles que vocês perdoarem serão perdoados” (Jo 20,23).

No sacramento da Penitência, o sacerdote, impondo as mãos sobre o penitente, diz: “Deus, Pai de misericórdia, que, pela morte e ressurreição de seu Filho, reconciliou o mundo consigo e enviou o Espírito Santo para remissão dos pecados, te conceda, pelo ministério da Igreja, o perdão e a paz. E eu te absolvo dos teus pecados, em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”. Aqui, a celebração atinge seu fim: o perdão reconciliador. Pela ação do ministro, a Igreja proclama o perdão misericordioso de Deus, pela morte e ressurreição de Jesus Cristo e pela ação do Espírito Santo. O pecador arrependido é novamente acolhido na comunidade daqueles que ouvem a Palavra e tomam parte na ceia eucarística.

Que beleza! A fórmula da absolvição é uma exclamação de louvor que explicita a ação reconciliadora da Trindade. Observemos que o perdão e a paz, a reconstituição da aliança, são frutos da ação conjunta e solene da Trindade e da Igreja (cf CEC 1449). A reconciliação se traduz no retorno ao Pai, que nos amou por primeiro; a Jesus Cristo, que doou sua vida por nós; e ao Espírito Santo, que foi derramado abundantemente sobre nós. A fórmula da absolvição se constitui numa manifestação do amor sem limites de Deus para com seus filhos e filhas. Ao proclamá-la, o ministro transforma-se num servidor do amor e do perdão que liberta e ressuscita o pecador da morte para a vida.

A absolvição do pecador é dom gratuito do Deus rico em misericórdia. Fique bem claro: o perdão brota da ação misericordiosa de Deus e não de um simples gesto jurídico da Igreja. É expressão do gesto de Jesus que, encontrando a ovelha perdida, coloca-a sobre os ombros e a reconduz ao redil (cf Lc 15, 3-7). É ação do Espírito Santo que renova e santifica aquele que é seu templo (cf RP 6d).

Absolvido, o pecador experimenta em si a alegria da paz. O projeto da vida batismal, desfigurado pelo pecado, é reconstruído pela graça de Deus. O penitente é, agora, uma nova criatura. Por isso que, na opinião do Pe. Härig, “a alegria é a nota mais viva da absolvição”.

Perguntas para reflexão pessoal ou em grupos:
1. Por que há gente que prefere se confessar diretamente a Deus?
2. Quem é que declara ao pecador o perdão de seus pecados?
3. Mas se o Padre é também pecador, em nome de quem ele proclama: “eu te absolvo de teus pecados”?
4. Qual deveria ser a atitude da pessoa perdoada e reconciliada ao concluir a celebração da Penitência?
Liturgia em Mutirão III - CNBB

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