Canto Litúrgico no Ciclo Pascal
Pe. Cristiano Marmelo Pinto
1. Cantar a Quaresma
A Quaresma é um tempo de penitência e de austeridade. Tem por finalidade nos preparar para a Páscoa do Senhor. Este tempo tem inicio na quarta-feira de Cinzas e termina na manhã da quinta-feira santa, quando se inicia o Tríduo Pascal. Num período de quarenta dias somos convocados a intensificarmos nossas orações, a fazermos penitência e praticarmos obras de caridade. Quaresma é tempo de mudança de vida e de conversão. É tempo de reconciliação com Deus e com os irmãos. Tempo de perdão. Tempo de buscarmos a misericórdia de Deus.
Cantar a Quaresma é cantar a dor pelo pecado no mundo, que crucifica os filhos e filhas de Deus. Um canto sem glória, sem aleluia, sem flores... O canto deve seguir a austeridade própria deste tempo. Os instrumentos musicais não acompanham os cantos de maneira festiva, apenas ajudam a sustentar-los. É fundamental no tempo da Quaresma respeitar o silêncio. Os instrumentos não devem ser tocados quando for hora de silêncio. Também não se deve saturar a celebração com cantos demais.
Mas o canto da Quaresma não é um canto de desanimo. Pelo contrário, nos animam para lutar contra as forças que produzem a morte. Devem nos inspirar e animar a assumirmos a Cruz do Senhor e junto com Ele criarmos um mundo novo.
2. E os Cantos da Campanha da Fraternidade?
No tempo da Quaresma, a Igreja no Brasil tem o costume de celebrar a Campanha da Fraternidade. A cada ano um tema diferente. A partir deste tema elaboram-se os subsídios litúrgico-pastorais. Até então tínhamos o costume de neste período cantarmos a “Missa da Campanha da Fraternidade”, acompanhando o tema proposto.
Temos que observar alguns pontos importantes:
1. A Quaresma é um tempo forte dentro da espiritualidade litúrgica.
2. O canto como parte integrante da liturgia deve acompanhar o Mistério que é celebrado na Quaresma.
3. Devemos criar um repertório próprio que nos ajude a vivenciarmos melhor o tempo da Quaresma.
De um tempo pra cá, bispos, músicos e liturgistas vêm questionando este costume de, a cada ano, termos uma missa diferente com um tema específico para a Quaresma. Corremos o risco de esvaziar a espiritualidade quaresmal, fixando exclusivamente na Campanha da Fraternidade.
Sem desmerecer a Campanha, foi proposto que se faça um hino alusivo ao tema, podendo este ser executado em diversos momentos da celebração. Deste modo, a partir deste ano, teremos sempre um Hino da CF, e os demais cantos para a celebração serão próprios deste tempo litúrgico. Assim, mantém a finalidade da CF e ao mesmo tempo resolve o problema da secundarização da quaresma.
3. Cantar a Semana Santa e o Tríduo Pascal
A Semana Santa é o período mais próximo da Páscoa do Senhor. É uma semana de intensas celebrações e espiritualidade. É fundamental lembrar que a Vigília Pascal constitui o núcleo central de toda a Semana Santa. Vale ainda lembrar que o Tempo da Quaresma só termina na manhã de quinta-feira, quando é celebrada a Missa do Crisma. A Semana Santa começa com o Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor e termina na tarde do Domingo da Ressurreição. É um período curto, porém denso. Na vespertina da quinta-feira santa dá-se início ao Tríduo Pascal com a Missa da Ceia do Senhor. Na Sexta-feira Santa a Igreja celebra o Mistério da Morte de Jesus. Neste dia não há celebração eucarística. No Sábado Santo, celebramos a permanência do Senhor no Sepulcro. Neste dia apenas é permitido a Liturgia das Horas. A Igreja está em luto. Na noite de sábado celebra-se a Vigília Pascal. Ela é o âmago de todo o Ano Litúrgico. É a mãe de todas as vigílias. Nesta noite celebramos não somente a Páscoa do Senhor, mas também a páscoa dos cristãos. Fundamentalmente, celebramos a vida renovada em Cristo Ressuscitado. Os diversos ritos desta celebração fazem a vida divina penetrar na vida da comunidade celebrante.
3.1. Cantar o Domingo de Ramos e da Paixão
No Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, celebramos o mistério do Cristo crucificado, sepultado e ressuscitado. Ao entrar em Jerusalém triunfante, Cristo prenuncia sua vitória sobre a morte. Os ramos são sinais deste triunfo. Neste dia temos a Procissão de Ramos. Aconselha-se que durante a procissão, o povo e cantores cantem os cantos propostos pelo Missal Romano. Escolher cantos apropriados para este dia é de suma importância, pois será através dos cantos que experimentaremos o sabor indiscutível do Mistério que celebramos. Canta-se a alegria da entrada do Messias em Jerusalém. Mas também canta o Mistério da sua Paixão. Quanto aos instrumentos vale a mesma orientação para toda a Quaresma, austeridade.
3.2. Cantar a Ceia do Senhor – Quinta-feira Santa
A celebração das vésperas da Quinta-feira Santa abre solenemente o Tríduo Pascal. Na Quinta-feira Santa a Igreja celebra o Mandamento Novo do Amor simbolizado pelo lava-pés. Também são celebradas a instituição da Eucaristia e do Sacerdócio Ministerial. Na última Ceia Cristo celebrou profeticamente o que iria acontecer em seguida, sua Paixão-Morte-Ressurreição. Cantar a Ceia do Senhor, é cantar o Mistério de sua doação total, é celebrar a Paixão-Morte-Ressurreição do Senhor. É fundamental cantar a Cruz do Senhor, pois é através da Cruz que desponta o Mandamento Novo do Amor. É da mesma Cruz que resplandece o Sacramento do Pão e do Vinho. Da Cruz nasce o Ministério do Serviço aos irmãos. Os cantos que ante se caracterizava pela austeridade, agora se reveste da suavidade do Amor. Porém deve-se cuidar para que os cantos e os instrumentos musicais não extrapolem. Convém lembrar que é na Vigília Pascal que o canto de Aleluia e Glória é entoado com toda vibração e entusiasmo. Siga como regra uma certa moderação e sobriedade. Estamos caminhando para a Vigília Pascal, estamos perto, mas ainda não chegamos lá.
No final da celebração temos a transladação do Santíssimo Sacramento. Terminada a oração após a comunhão, começa a procissão de transladação do Santíssimo. Enquanto isto acontece, os fiéis entoam cantos eucarísticos, e quando a procissão chegar ao local onde ficará guardado o Santíssimo, encerra-se com o canto do Tão sublime Sacramento. Temos o costume de realizar a vigília eucarística enquanto o Santíssimo estiver guardado. Cuide-se para que seja feita com sobriedade, mesmo nos cantos.
3.3. Cantar a Paixão do Senhor – Sexta-feira Santa
A Sexta-feira Santa é centralizada na Cruz do Senhor. Celebra-se neste dia o Mistério da Morte do Senhor. A celebração desdobra-se em três partes: proclamação da Paixão do Senhor, preces universais, adoração a Cruz e comunhão. Não há neste dia Celebração Eucarística. E também não se canta a Eucaristia e sim o Mistério da Cruz. A Cruz não é apenas um instrumento de morte, mas para nós cristãos ela se torna instrumento de Salvação. Por isto, na Sexta-feira Santa a Cruz é venerada como sinal de vitória.
3.3. Cantar a Paixão do Senhor – Sexta-feira Santa
A Sexta-feira Santa é centralizada na Cruz do Senhor. Celebra-se neste dia o Mistério da Morte do Senhor. A celebração desdobra-se em três partes: proclamação da Paixão do Senhor, preces universais, adoração a Cruz e comunhão. Não há neste dia Celebração Eucarística. E também não se canta a Eucaristia e sim o Mistério da Cruz. A Cruz não é apenas um instrumento de morte, mas para nós cristãos ela se torna instrumento de Salvação. Por isto, na Sexta-feira Santa a Cruz é venerada como sinal de vitória.
Os cantos devem corresponder ao espírito da liturgia deste dia. É um canto de pranto, de perda, canto de dor e tristeza. Mas é também um canto de confiança, a confiança do Servo Sofredor, que se entrega por todos nós, sem reservas. Nesta confiança, o canto deve nos inspirar a nos abandonar com Cristo nas mãos do Pai, para que se realize, assim como em Cristo, a sua vontade. Mas é também um canto de vitória, pois “Cristo, por nós, se fez obediente até a morte e morte de cruz. Por isso Deus o exaltou...” (cf. Fl 2,8-9). Os cantos devem ajudar a deixarmos nos envolver pelo dinamismo da liturgia da Paixão do Senhor, na atitude de quem dá a vida por seus amigos.
Não convém, neste dia, utilizar os instrumentos musicais, como é de costume. Pode-se, porém, usar um instrumento sóbrio, apenas para dar sustentação ao canto. Mas lembre-se, de forma bem discreta.
4. Cantar a Páscoa do Senhor
Se a Quaresma é tempo de austeridade, a Páscoa é tempo de alegria e júbilo, para entoar cantos de festa em honra de Cristo Ressuscitado. O Tempo Pascal começa na Vigília Pascal e termina com a solenidade de Pentecostes. Na quaresma omitimos o canto do aleluia para ser entoado com júbilo na grande Vigília Pascal. Após o silêncio quaresmal, ouvimos o ecoar alegre e vibrante do aleluia na noite pascal. O aleluia será uma das características das celebrações Pascais. Cantamos a glória do Senhor Ressuscitado, sua vitória sobre a morte.
Os cantos e instrumentos terão participação fundamental. Sejam cantados e tocados com alegria, com entusiasmo, vibrantes. Valorizar os cantos do ordinário da missa principalmente o canto do aleluia. Os cantos devem nos ajudar a fazer uma experiência profunda do Mistério Pascal. O canto neste tempo é um canto de alegria, canto de tantos aleluias! Canto de vitória!
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