domingo, 1 de janeiro de 2017


HOMILIA DA SOLENIDADE DA 
SANTA MÃE DE DEUS | ANO A
Quanto a Maria, guardava todos esses fatos 
e meditava sobre eles em seu coração” (Lc 2,19).

Estamos iniciando um novo ano, e como é bom que isso aconteça celebrando o centro de nossa fé, a eucaristia. E isto acontece em torno da solenidade daquela que com seu “Sim” tornou-se a Santa Mãe de Deus, Maria. Hoje também se celebra o dia mundial da paz. Como estamos precisando de paz! Mas não de uma paz que signifique apenas um cessar fogo, mas de uma paz que seja bênção para toda a humanidade. E a liturgia desta solenidade coloca já no primeiro texto proclamado, a chamada “bênção de Aarão”. Como é bom começar o ano novo com uma bênção. Melhor ainda é fazer do ano todo abençoado. Como já vimos, a liturgia de hoje, nos propõe três temas que se entrelaçam: a) a bênção, b) a paz, c) Maria.

a) A bênção

Começar o ano abençoado é bom demais. É interessante notar que Deus mandou Moisés transmitir para Aarão a bênção, e este deveria transmitir para os filhos de Israel (cf. Nm 6,23). Mas nota-se a iniciativa de Deus de abençoar. Deus quer nos abençoar. O que significa abençoar? Abençoar significa lançar bênção, desejar o bem, conceder prosperidade, proteção, amparo, ajuda. O sentido hebraico desta palavra é: “Conceder poder a alguém para alcançar prosperidade, longevidade, fecundidade, obter sucesso e muitos frutos”.

Temos um Deus abençoador, cheio de misericórdia, graça e justiça. Um Deus que deseja nos abençoar e quer que façamos o mesmo com os outros. Quer que transmitamos sua bênção. As bênçãos de Deus devem ser multiplicadas. É importante recuperarmos o costume de pais abençoar os filhos, de padrinhos e madrinhas abençoarem os afilhados, de se benzer ao passar na frente da igreja, etc. São gestos de passar a bênção de Deus para frente. Uma vida abençoada é uma vida com a graça. Porém, uma vida carente de bênção, nos torna vulneráveis ao mal. Precisamos ser abençoados e abençoar. Sentir-se abençoado e guardado por Deus é sentir-se protegido, amparado, seguro o ano todo. Quem assim se sente, age com segurança e firmeza, e mesmo que encontre dificuldades ao longo do ano novo, nunca irá desistir.

A bênção de Aarão termina dizendo: “O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz” (Nm 6,26). E quem não precisa de paz? Num mundo tão violento e desgastante, precisamos encontrar a paz. E aí entramos no segundo ponto:

b) A paz!

O profeta Isaías diz que: “A paz é fruto da justiça” (Is 32,17). Hoje celebramos o dia mundial da paz. Na sua mensagem anual, o Papa Francisco nos convida para uma atitude de “não violência” como forma de propagar a paz. Diz ele: “Desejo deter-me na não violência como estilo duma política de paz, e peço a Deus que nos ajude, a todos nós, a inspirar na não violência às profundezas dos nossos sentimentos e valores pessoais”. É preciso criar uma “cultura da paz”, promovida através de atitudes que testemunhem a paz que tanto desejamos. Toda guerra é injusta. Os mais fracos e vulneráveis são os que sempre pagam mais caro as consequências das guerras. E o mundo de hoje precisa de justiça. Nós precisamos ser mais justos.

c) Maria, a Mãe de Deus

O evangelho diz que ouvindo o que os pastores contaram sobre o que fora dito sobre o menino, “Maria, guardava todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração” (Lc 2,19). Pode parecer que Maria tinha ema atitude passiva diante de tudo aquilo, mas na verdade é o contrário. Centrada, como sempre, ela meditava sobre a grandeza da ação de Deus, meditar significa ir ao centro. Toda meditação é feita para que haja uma transformação em quem medita. Assim foi com Maria, assim deve ser conosco. Diante da realidade em que vivemos, somos convidados para, assim como Maria, meditarmos sobre os fatos, para haver uma transformação dentro de nós, e só depois, podermos transformar a realidade.

Todos nós queremos que este novo ano seja melhor para todos nós. Isto só será possível se formos capazes de, meditando sobre os fatos, nos transformarmos em promotores da paz e da justiça. Isto faremos se, seguindo o desejo de Deus, abençoarmos uns aos outros, levando adiante a bênção de Deus. Façamos o propósito de nos comportarmos como verdadeiros filhos e filhas de Deus, herdeiros de seu reino, como afirma a segunda leitura (Gl 4,4-7). Só assim, poderemos de coração sincero, elevar a Deus nosso pedido dizendo: “Que Deus nos dê a sua graça e sua bênção” (Sl 66).

Pacem cordium! Dá paz ao coração!

Pe. Cristiano Marmelo Pinto