“VAI FRANCISCO, E RESTAURA A MINHA IGREJA EM RUÍNAS.”
Pe. Cristiano Marmelo Pinto
Esta foi a mensagem que São Francisco de Assis, no século
XIII, recebeu diante da cruz na velha e em ruínas capelinha de São Damião, em
Assis na Itália. Inicialmente ele pensou que se tratava de reconstruir a antiga
igreja caindo aos pedaços. Com esse pensamento ele restaurou três igrejas. Mais
tarde São Francisco se deu conta de que não se tratava de reformar igrejas em
ruínas, mas a própria Igreja, que estava distante de sua vocação, imersa em
escândalos. E ele levou sua missão a cabo, buscando sempre com docilidade e
prudência, resgatar a alegria de viver o Evangelho como forma de vida para o
cristão. Logo ganhou adeptos e o número de seguidores de sua proposta foi
aumentando consideravelmente. Da iniciativa de Francisco de Assis gerou a vasta
família franciscana, hoje espalhada por todos os cantos.
Nos últimos tempos, Deus, por meio do Espírito Santo, nos
providenciou outro Francisco. Não o de Assis, mas com o espírito de Assis.
Hoje, ele completa um ano de pontificado e toda a Igreja se alegra e celebra
esta data como verdadeira obra do Espírito Santo de Deus. Os tempos são outros,
os apelos são muitos, e a situação semelhante a da época do Francisco de Assis.
Mas, diante dos fatos de ontem e de hoje, devemos nos
perguntar: a Igreja está em ruínas mesmo? O que de fato está em ruína na
Igreja, para que Deus suscitasse em nossa época um “outro” Francisco? A Igreja
em si não pode estar em ruínas, nem ontem e nem hoje. Ela é constituída por
pessoas humanas, mas não podemos esquecer que também é de origem divina. E Deus
não deixa que sua obra caia em ruínas. O que está em ruínas então? Muitos
membros da Igreja. Às vezes acusamos os outros, o mundo moderno de seu
afastamento de Deus e, não percebemos que também nós podemos nos afastar de
seus planos. São Francisco de Assis ao redigir a regra de vida dos frades,
inicia dizendo que “a regra de vida do frade menor é viver o Evangelho”. Ai
está o problema. Muitas vezes falamos do Evangelho nos esquecendo de vivê-lo.
Pregamos o Reino de Deus e vivemos os “reinos” deste mundo. Ao invés de nos
tornarmos homens e mulheres de Deus, nos tornamos, sim, homens e mulheres do
mundo. É nesse ponto que entra o Francisco de hoje, nos chamando a um retorno
as nossas origens: uma Igreja seguidora de Cristo e não voltada para as coisas
do mundo. Recuperar a alegria de viver o Evangelho e anunciá-lo com a vida. Não
adianta uma reforma das estruturas se não houver simultaneamente uma conversão
pessoal a Cristo e ao seu Evangelho. Muito mais do que mudar as estruturas, às
vezes caducas, é preciso mudar a mentalidade. E o papa Francisco tem
demonstrado isso em suas falas e comportamentos. Francisco de Assis compreendeu
isso e promoveu uma mudança tão radical que dura séculos na Igreja. A meu ver,
o papa Francisco também entendeu de que ruína se trata. E nós? Será que também
estamos entendendo?
Rezo para que Deus continue lhe dando saúde e coragem para
mudar o que for necessário na Igreja. E que possamos, a seu exemplo, seguir o
mesmo caminho, voltando nosso coração para Deus.
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