HOMILIA DO
TERCEIRO DOMINGO DA QUARESMA – ANO C
(Ex 3,1-8a.13-15; Sl 102; 1Cor 10,1-6.10-12; Lc
13,1-9)
Como é bom olharmos para a Palavra de Deus e
podermos ver que ela sempre tem uma palavra que nos ajuda a sermos melhores, a
corrigir nossos erros, encontrar conforto nas horas de aflição, palavra que dá
sentido para nossa vida, para podermos nos levantar e seguir em frente. Precisamos
redescobrir a Palavra de Deus como fonte que nos alimenta. Como diz São Paulo
na segunda leitura Deus dava a seu povo um alimento e uma bebida
espiritual.
Às vezes nos alimentamos mal, comento e bebendo
de ideologias, pensamentos e sentimentos contaminados. A Palavra de Deus é
alimento puro, da melhor qualidade que podemos encontrar. E a quaresma nos
brinda com textos que nos ajudam a repensar a nossa vida, nossas atitudes e
modos de sentir as coisas e a nossa própria vida. Por isso, a quaresma é tempo
de conversão, tempo de mudança de vida, tempo de corrigirmos nosso rumo. Vale o
mesmo para a nossa caminhada de fé. É tempo de pensarmos na nossa fé e se ela
tem produzido bons frutos na nossa vida e na nossa sociedade.
Creio que, para isso, a parábola da figueira é
maravilhosa para provocar a nossa reflexão. Em primeiro lugar, no evangelho, as
pessoas vêm contar desgraças para Jesus. E Jesus questiona se eles são melhores
que os outros. Estamos vivendo num mundo que está se acostumando
assustadoramente a conviver com tragédias. Poderíamos citar vários fatos
recentes, mas não vem ao caso. O que importa é a nossa atitude diante de tais
fatos. Jesus diz para os que foram falar das desgraças alheias que se eles não
se convertessem, morreriam igual. E logo em seguida, conta a parábola da
figueira.
Aquela figueira era estéril, não dava frutos. E
na parábola ainda diz que havia três anos que o dono da vinha procurava frutos.
Três é um número que indica totalidade. Poderíamos dizer que o dono sempre
procurava frutos e não encontrava. O que isso tem a ver conosco?
Como é que podemos nos tornar uma figueira
estéril, que não dá frutos? Penso que Jesus está falando da fé, de uma fé estéril,
de uma fé que não produz frutos. Quantos entre nós são assim. Vivem dentro da
Igreja, falam de Deus, mas não produz nenhum fruto. Vejam que não se trata nem
de frutos bons ou ruins, simplesmente não produz nada. Isso tem a ver com a
nossa insensibilidade diante de tantas tragédias, de tanto sofrimento que vemos
acontecer nesse mundo. Tem pessoas que não se comove mais com o sofrimento dos
outros e por isso não se envolve e não faz nada para ajudar os outros. A
solidariedade está virando artigo de luxo.
O que nos salva são as nossas obras. Uma fé que
não é transformada em obras, como diz São Tiago, é uma fé morta. E, como diz a
parábola de hoje, podemos dizer que é uma fé estéril. Deus não precisa de gente
com esse tipo de fé. Por isso, na parábola, o dono da vinha manda cortar aquela
figueira. Será que nós queremos ser cortados e jogados foras como gente inútil
para Deus? Que coisa horrível deve ser.
Mas, o vinhateiro intercede por aquela
figueira, pedindo mais um ano para cuidar e ver se ela produzirá frutos. Aí
está a lógica do tempo da quaresma. Mesmo não produzindo frutos, Deus nos dá a
oportunidade de mudarmos, de deixarmos uma fé estéril para uma fé que produza
frutos. Numa analogia entre a quaresma e a parábola, a quaresma é esse tempo
que Deus nos oferece para cuidarmos da nossa vida, da nossa fé, para mudar e
começar a produzir frutos.
Que frutos são esses? Frutos de mais amor, mais
solidariedade, mais misericórdia e partilha. Não precisamos de gente que fique
contado as tragédias que acontecem. A mídia faz isso a toda hora, aliás, vive
disso. Mas, nós, não deveríamos viver de apontar tragédias, mas sim, de
procurarmos ajudar os outros, de sermos solidários com o sofrimento alheio. Infelizmente,
ainda temos gente estéril na Igreja, que não ajuda o próximo...
Mudemos isso, senão, seremos cortados e jogados
fora. Pense nisso. Seja mais solidário com os outros. Tragédias, tem muitas
acontecendo. Precisamos é de gente para ajudar.
Paz no coração!
Pe. Cristiano Marmelo Pinto
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