terça-feira, 26 de março de 2019



HOMILIA DA FESTA 
DA ANUNCIAÇÃO DO SENHOR
(Is 7,10-14;8,10; Sl 39; Hb 10,4-10; Lc 1,26-38)

Hoje nós celebramos a festa da anunciação do Senhor. A exatamente daqui a nove meses estaremos celebrando o nascimento de Jesus. Mas podemos também pensar esta festa como a festa do “Sim” de Maria. Pelo seu sim ela concebeu em seu seio por obra do Espírito Santo o Filho de Deus. Uma humilde jovem entra para a história da salvação de forma significativa e determinante por haver dado um sim ao chamado de Deus. A verdade é que a partir daí a história da humanidade começa a mudar, e o nascimento de seus Filho divide essa mesma história, iniciando uma nova etapa para a humanidade.

Mas, como provocação, gostaria de chamar a atenção para dois fatos presentes no evangelho, e, creio eu, ser esse o fator que determinou o sim de Maria.

Em primeiro lugar, o anjo aparece para Maria e faz uma saudação. Esta saudação é importante. O evangelho diz que o anjo entrou onde Maria estava e disse: “Alegra-te, cheia de graça” (Lc 1,28). Alegria é um estado de satisfação extrema, sentimento de contentamento ou de prazer excessivo.  O que deveria então causar em Maria essa alegria ou contentamento extremo? Um fato importante: “O Senhor está contigo!” (Lc 1,28). Penso que esta saudação do anjo liga o evangelho com a primeira leitura. Emanuel significa “Deus está conosco”. O evangelho diz que Maria ficou pensando sobre o significado daquela saudação. Eis ai, que o profeta Isaías responde: Maria e cada um de nós devemos nos alegrar porque o “Emanuel” – o “Deus conosco” chegou.

Para nós deve ser motivo de alegria o simples fato de sabermos que, não importa a situação em que estamos vivendo, Deus está conosco. Seja nos momentos bons ou ruins, Deus está sempre conosco.

O segundo fato que quero chamar a atenção é que da certeza de que Deus estava com ela, Maria se enche de coragem para assumir todos os riscos de se torna Mãe de Jesus e responde com o seu “Sim”. O evangelho narra que: “Maria, então disse: ‘Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38). O “Sim” de Maria brotou da certeza de que Deus estava com ela. E como consequência, ela se fez serva, ou seja, colocou-se a serviço da Deus, cumprindo a sua vontade.

Todos nós somos chamados por Deus. Ele espera de cada um de nós um sim generoso como o de Maria. Mas não pode ser um sim como muitas vezes respondemos, do tipo: “Tá bom, eu faço”. Esse tipo de sim não é generoso. O que Deus espera de nós é um “Sim” maiúsculo como o de Maria, que se coloca a serviço, que corre, como Maria, apressadamente, as regiões montanhosas da vida, para servir os mais necessitados de nossa ajuda, de nossa solidariedade.

O nosso sim deve nos levar a servir as “Isabeis” e aos “Zacarias” de hoje. E são tantos as margens da vida, esquecidos pela nossa sociedade nas regiões montanhosas dessa vida. Nosso “Sim” deve nos levar lá onde eles estão.

E por fim, o evangelho mostra Maria perturbada com aquelas palavras do anjo e que questiona como aquilo iria acontecer. No processo de discernimento do chamado é comum ficar perturbado, questionar. Faz parte e não é nenhum pecado. Mesmo porque o chamado de Deus muda o rumo de nossa vida. E é comum quando se tem o rumo mudado ficar perturbado, desorientado. Mas, Deus vai esclarecendo tudo, nos mostrando o caminho, nos orientando. Que não tenhamos medo de discernir para que o nosso sim seja verdadeiro e seguro. Só assim, teremos a certeza de que Deus estará conosco para enfrentarmos todos os desafios do seu chamado.

Que assim seja.
Pe. Cristiano Marmelo Pinto

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