quinta-feira, 11 de março de 2010

Vivendo a Semana Santa IV (Vigília Pascal)


VIGÍLIA PASCAL

1. A Vigília Pascal

Antes da reforma litúrgica de 1955, a primeira parte da liturgia era reservada quase ao clero e aos ministros. Essa cerimônia tinha participação de apenas um grupo restrito de fiéis. Após a reforma de Pio XII e do Vaticano II, essas celebrações foram reformuladas.

A celebração da noite do Sábado Santo abrange diversas partes: 1. A celebração da luz; 2. A Celebração Do Círio; 3. A Celebração da palavra; 4. A liturgia Batismal; 5. A liturgia eucarística.

1.1. A celebração da luz

É o início da comemoração da Ressurreição do Senhor. Esse fato é a Nossa Vitória, garantia de nossa fé. As cerimônias são um convite á Alegria, à Esperança. A bênção do fogo novo, tirado da pedra, é símbolo da luz, da fé que procede de Cristo, pedra Fundamental da Igreja. Dele sai o fogo que ilumina e abrasa os corações. É um costume que se originou na Gália (França) e pretende ser um sacramental substitutivo das fogueiras pagãs, que se acendiam no início da primavera, em louvor da divindade Votan, com a finalidade de se obter uma colheita dos frutos da terra.

O costume de se extrair fogo, golpeando uma pedra, provém da Antigüidade germânica pagã. A pedra passa a ser símbolo do Cristo que ilumina e abrasa os corações. Ele é a pedra angular que, sob os golpes da cruz, jorrou sobre nós o Espírito Santo.

1.2. O Círio Pascal

O círio pascal provém do costume romano de iluminar a noite com muitas lâmpadas. Esses lâmpadas passam a ser símbolos do Senhor Ressuscitado dentro da noite da morte. Originalmente o círio tinha a altura de um homem, simbolizando Cristo-luz que brilha nas trevas.

Os teólogos francos e galicanos enriquecem-no com elementos simbólicos. Aparecem assim as inscrições de Cristo, ontem e hoje, Princípio e Fim, e a primeira e a última letra do alfabeto grego (alfa e ômega). Coloca-se ainda o ano litúrgico corrente, pois Cristo é o centro da História e a ele compete o tempo, a eternidade, a glória e o poder pelos séculos.

Colocam-se, ainda, cinco grãos de incenso, nunca espécie de cravo de cera vermelha, rezando: Por suas santas chagas, suas chagas gloriosas, Cristo Senhor nos proteja e nos guarde. Amém. O sacerdote acende depois o círio, que é a Luz de Cristo. Entoa-se o refrão: Eis a luz de Cristo. E todos respondem: Demos graças a Deus!
À porta de igreja ergue-se o círio e canta-se pela Segunda vez: Eis a luz de Cristo! E todos respondem: Demos graças a Deus!

Todos acendem suas velas no fogo do círio pascal e a procissão entra pela nave da igreja, que está nas trevas. Chegando ao altar, entoa-se pela terceira vez o canto: Eis a luz de Cristo! E o povo responde: Demos graças a Deus!

Acendem-se então todas as luzes da Igreja. O cortejo, que se forma atrás do círio pascal, é repleto de símbolos. É alusão às palavras de João: Eu sou a Luz do mundo; o que me segue não caminhará nas trevas, mas terá a luz da vida (Jo 8,12). O círio, conduzido à frente, recorda a coluna de fogo pela qual Javé precedia na escuridão da noite o povo de Israel, ao sair da escravidão do Egito, e lhe mostrava o caminho (Êx 13,21).

Chegado ao altar, depois da solene entronização e incensação do círio, o sacerdote entoa a Proclamação solene da Páscoa, cantando o Exultet, tirado da palavra latina inicial desse canto solene. As idéias centrais desse canto, de autor desconhecido, são tiradas dos pensamentos de Santo Agostinho e de Santo Ambrósio. Canta as maravilhas da libertação do Senhor, vindo em socorro da humanidade e protegendo seu povo eleito. É um canto de louvor, ação de graças a Deus pelas maravilhas operadas na libertação do Egito. Esses fatos maravilhosos atingem sua plenitude pela vida, morte e ressurreição de Jesus, única Luz que ilumina todo o homem que vem a este mundo. É o cântico da Vitória de Cristo que realizou a Passagem, a Páscoa, para a vida do amor e da fraternidade.

1.3. A liturgia da palavra

A liturgia da palavra abrange as leituras bíblicas, sendo duas do Novo Testamento, a Epístola e o Evangelho. É uma alusão ao mistério de nossa Libertação. Por razões de ordem pastoral, é aconselhável a omissão de algumas leituras. Pode-se diminuir o número de leitores do Antigo Testamento, mas nunca se deve omitir a narração da passagem do Mar Vermelho, pelo seu caráter de figura tipológica do mistério Pascal. Para cada leitura há um Salmo Responsorial e uma oração. Após a sétima leitura, que é a última do Antigo Testamento, acendem-se as velas do altar e o sacerdote entoa o canto Gloria in excelsis, juntando ao canto o som festivo dos sinos da igreja.

Após a primeira leitura do Novo Testamento (Epístola), o sacerdote (ou outra pessoa indicada, ou o coral) entoa o cântico solene do Aleluia, quebrando o clima de tristeza que acompanha o tempo da Quaresma. Esse canto solene, repetido gradativamente três vezes, em tom cada vez mais alto, representa a saída de Cristo da sepultura e a entrada solene no mundo da glória e da luz dos céus. Por fim, proclama-se o evangelho, contando o relato da ressurreição, fato central da fé cristã.

1.4. A liturgia batismal

Após a liturgia da palavra segue-se o batismo de alguns fiéis perante a comunidade. É o momento justo para a celebração do sacramento do batismo, como entrada solene na comunidade daqueles que acreditam no Cristo ressuscitado.

A apresentação dos candidatos à comunidade e o cântico da ladainha de Todos os Santos mostram a universalidade da Igreja. A bênção da água batismal é feita com o simbolismo do mergulho do círio pascal na água, dando-lhe a força do Espírito Santo.

A renúncia do mal e a profissão solene de fé dão um caráter participativo à comunidade. Caso haja batizado de adultos, eles recebem também o sacramento da confirmação pela imposição das mãos do ministro do batismo, caso o bispo esteja presidindo a celebração. Quando não há batismo-confirmação, sempre se benze a água, que é levada solenemente até a pia batismal. É feita ainda a aspersão da água benta, recordando o batismo que deve ser renovado pela contínua inserção na fé e renúncia ao mal.

1.5. Liturgia eucarística

A liturgia eucarística, com a apresentação das oferendas e a prece, atinge o clímax da celebração pascal. O prefácio exalta o verdadeiro Cordeiro, que morrendo, destruiu a Morte e, ressuscitando, deu-nos uma vida Nova. Toda a prece eucarística é plena de alegria, louvor e ação de graças, pois Cristo se faz presente pessoalmente e não apenas nos sinais-símbolos.

A presença do Ressuscitado se faz atuante no ósculo da Paz, recordando Jesus que dirigi a saudação aos discípulos na tarde do dia da Ressurreição.

1.6. O Domingo da Páscoa

No início do cristianismo, o Domingo de Páscoa não tinha uma liturgia própria, porque, a celebração pascal se desenvolvia até a madrugada. Após a reforma litúrgica de 1955 e 1970, o Domingo passa a ser considerado como uma festividade verdadeira e própria.

A celebração desse dia é plena de alegria e esperança. As leituras são sempre as mesmas em todos os ciclos anuais. A seqüência pascal marca a emoção e a espera da comunidade. Jesus Cristo é vencedor da Morte. Ele rompeu as barreiras do tempo e do espaço. Ele é um convite à nossa ressurreição.
Em muitas comunidades, muitos fiéis não tomaram parte no Tríduo Sacro. Por isso os sacerdotes e a comunidade precisam tomar consciência da unidade da morte e ressurreição de Cristo como sendo um todo do Mistério Pascal.

2. A Celebração da Vigília Pascal

Noite mais clara que o dia! Assim canta a Igreja na Vigília Pascal, mãe de todas as celebrações da Igreja. Com o acender do círio pascal, na noite escura, dá-se início á celebração. Assim a Ressurreição de Jesus dentre os mortos ilumina o mundo com a serenidade de sua luz.

A Vigília Pascal foi restaurada, mas ainda não se tem consciência de sua riqueza e necessidade. A “Semana Santa” não termina com a sepultura de Jesus, nem a Páscoa consiste seu sentido a partir da Ressurreição da Jesus. Nela também nasce e toma sentido toda a vida cristã. Celebrar esta noite santíssima é ressuscitar com Cristo. A vitória de Cristo é a vitória de todo o cristão.

A Páscoa cristã tem sua história no Antigo Testamento. A ordem de Deus era que fosse celebrada sempre. Recordando as maravilhas operadas por Deus na História da salvação Olhamos também para o futuro: a realização de todas as promessas garantidas pela Ressurreição e a realização da vida nova e vida de cada um que nasceu de novo.

A celebração da Vigília Pascal tem quatro momentos:

Liturgia da Luz
Liturgia da Palavra
Liturgia Batismal
Liturgia Eucarística

2.1. Liturgia da Luz

Bênção do fogo e preparação do Círio

Segundo antiga tradição, o fogo aceso com pederneira (tirando da pedra), simboliza o Cristo, a luz que sai do túmulo de pedra. Com ele se acende o Círio Pascal. Ele é a imagem e símbolo de Cristo ressuscitado, luz do mundo, que entra pela Igreja escura e vai iluminando lentamente, até atingir o clarão total. A luz é Cristo.

O Círio é preparado: faz-se nele uma cruz explicando que Cristo salvou pela Cruz. São colocadas as letras A e Z, dizendo que Cristo nos salva pelas suas chagas. Acende-se o Círio e se inicia a procissão em direção ao altar. É a coluna de fogo que guia o novo povo resgatado de uma escravidão e salvo pelas águas do batismo. Entrando no Reino de Deus, presente na Eucaristia.

Proclamação da Páscoa

Canto da proclamação da Páscoa (Perônio): na alegria de Cristo Ressuscitado são proclamadas as festas pascais. Celebram-se as maravilhas de Deus nesta noite. Celebra-se a alegria da luz. Não se esquece da abelhinha que produziu a cera com a qual foi feito o Círio, imagem e símbolo de Cristo que conduz o seu povo.

2.2. Liturgia da Palavra

A celebração da Vigília Pascal tem um elemento forte: a liturgia da Palavra. Nela celebra-se o Cristo que é Palavra do Pai, luz do mundo. Ele está presente na Palavra lida na comunidade. É a proclamação da História da Salvação e das maravilhas realizadas por Deus, até chegar a Cristo, maravilha que permanece não como uma história passada, mas como vida da qual participamos. São 7 (sete) leituras do Antigo Testamento, sendo uma da Carta de São Paulo aos Romanos e outra dos Evangelhos. Do Antigo Testamento não é obrigatório ler todas. Recomenda-se, porém , que sejam escolhidas pelo menos três. E a leitura do Êxodo (14,15-15,1) não pode ser omitida. A Igreja recomenda que o critério de escolha das leituras seja o pastoral e não a comunidade. Elas são uma excelente catequese do Ministério Pascal de Cristo.

a) Primeira Leitura (Gn 1,1-2,2 ou 1,1.26-31a)

A Criação do mundo e do homem, primeiro gesto de salvação de Deus: Criação e Ressurreição vêm juntas, pois em Cristo ressuscita se faz presente a nova criação. A criação em Cristo encontra seu 7o dia, dia do repouso, e o homem, o ingresso no Paraíso. Em Cristo todas as coisas se fazem novas. Todo o mundo criado, juntamente com o povo fiel, canta a glória do Cristo. O homem é o centro da criação. Em Cristo, novo homem, novo Adão da história, a criação e toda a humanidade tomam novo sentido e têm nele sua garantia. O mundo é o lugar da salvação.

b) Segunda Leitura (Gn 22,1-18 ou 22,1-2.9a.10-13.15-18)

O Sacrifício de Abraão, nosso Pai na Fé. Abraão é chamado por Deus a constituir o povo de Deus. Tantas são as promessas. Mas Abraão é colocado à prova. Responde com fé e generosidade! O povo de Deus é nascido não do sangue, mas da fé no Deus que chama a compartilhar de seu plano de vida. Cristo é o novo cordeiro que está em nosso lugar, na resposta total e fiel a Deus. Sua descendência será grande como as areis da praia.

c) Terceira Leitura (Ex 14,15-15,1)

Passagem do Mar Vermelho. O povo de Deus tem uma forte experiência de libertação através das águas do mar. São as maravilhas de Deus que acompanham a criação e formação do povo de Deus. O novo povo passa pelas águas do batismo, que lhe dão não uma liberdade humana, mas a passagem da morte de cada cristão através de sua passagem com Cristo nos sacramentos.

d) Quarta Leitura (Is 54,5-14)

A Nova Jerusalém caminha para o esplendor da luz do Senhor. A Nova Jerusalém é figura da Igreja, novo povo de Deus, reunido em Cristo numa só família pelo seu sacrifício pascal. Novo povo, na unidade do Pai, do Filho e do Espírito, é instruído pela Palavra de Deus. Será povo Santo.

e) Quinta Leitura (Is 55,1-11)

A salvação é oferecida gratuitamente a todos os povos. O povo de Deus não isolado e fechado. A salvação é como um banquete oferecido a todos os povos. É uma aliança prometida a todos. Deus é generoso em sua promessa, sua Palavra não cai em vão, mas produz sempre o fruto.

f) Sexta Leitura (Br 3,9-15.32-4,4)

Fonte de vida e sabedoria. Fazemos parte de um povo novo pelo Batismo. Somos constantemente chamados a procurar a sabedoria e a caminhar na luz de sua lei, que é um jugo suave e de leve peso. A lei dos ressuscitados é o amor de Cristo.

g) Sétima Leitura (Ez 36,16-17a.18-28)

Um coração novo e um Espírito novo. Pela Ressurreição de Cristo todos serão transformados e reunidos em um único povo purificado pela água do Batismo. O coração transformado receberá um Espírito novo, estabelecendo-se uma aliança de amor e de mútua pertença, fruto da Páscoa. A oração que segue a leitura evoca a ação de Jesus restaurador de todas as coisas. A Igreja reunida é o ponto de chegada de todo o caminho de salvação iniciando no gesto criador de Deus.

h) Hino de Louvor

Canto do Glória. Depois de uma longa Quaresma, tempo de reflexão e penitência, chegamos ao momento de celebrar a alegria da Ressurreição. É o hino de louvor e adoração ao Cristo vivo, na unidade do Pai e do Espírito.

i) Oração

Rezemos a alegria desta noite santíssima iluminada pela Ressurreição. Pedimos a Deus o espírito filial e o reavivamento da comunidade cristã.

j) Oitava Leitura - Epístola (Rm 6,3-11)

Cristo ressuscitado dos mortos não morre mais. Pelo Batismo estamos unidos à morte de Cristo, com ele caminhamos na Vida nova. Somos semelhantes a ele. A morte não tem mais domínio sobre ele. Consideremo-nos mortos ao pecado e vivos para Deus.

l) Aclamação ao Evangelho

Aleluia! Louvado seja Deus! O sacerdote entoa solenemente a Aleluia que significa: Louvores a Deus. É o momento da explosão de alegria. Santo Agostinho dizia ao seu povo: com o canto do Aleluia nós exprimimos o tempo da alegria, do repouso e do triunfo representados pelos dias pascais. Não temos ainda o objetivo de nosso louvor, ma caminhamos para ele, o Cristo, no seu reino definitivo.

m) Evangelho

Ano A: (Mt 28,1-10)
Ao raiar do dia, surge a nova luz. O anúncio feito às mulheres é simples: “Sei que procurais Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui! Ressuscitou, como havia dito”. Tornam-se elas as primeiras anunciadoras: “Ide depressa contar aos discípulos que ele ressuscitou dos mortos”.

Ano B: (Mc 16, 1-7)
As mulheres entram no túmulo e viram um jovem vestido de branco. Tiveram medo. Disse ele: “Vós procurais Jesus de Nazaré, que foi crucificado? Ele ressuscitou, não está aqui. Vede o lugar onde o puseram. Ide, dizei aos discípulos e a Pedro que ele irá à vossa frente, para Galiléia. Lá o vereis”.

Ano C: (Lc 24, 1-12)
“Por que estais procurando entre os mortos aquele que está vivo? Ele não está aqui. Ressuscitou!” Voltaram as mulheres do túmulo e foram contar aos discípulos. Pedro correu ao túmulo e foram contar aos discípulos. Pedro correu ao túmulo, debruçou-se, mas só viu as ligaduras. Voltou para casa admirado com o sucedido.

2.3. Liturgia Batismal

a) Exortação

A Igreja, desde os primeiros séculos, ligou a noite pascal com a celebração do Batismo. Toda a celebração é estruturada sobre o tema do Batismo e nossa vida em Cristo Ressuscitado. Baseia-se no pensamento de Paulo que o Batismo é uma imersão em Cristo, na sua morte e o ressurgimento com Cristo na sua ressurreição.
Nas comunidades de muitos catecúmenos, neste momento da celebração recebem o Batismo aqueles que devem se batizados.

Se houver Batismo de adultos, estes recebem também a Crisma e Eucaristia. Batismo, Crisma e Eucaristia formam um só sacramento da iniciação cristã.
Com palavras próprias ou seguindo a fórmula do Missal Romano, o Celebrante faz breve exportação ao povo sobre o significado e a importância do Batismo.

b) Ladainha de todos os Santos

O rito da Liturgia Batismal inicia-se com a ladainha de todos os santos. Invocamos a presença de toda Igreja celeste e terrestre para que esteja orando junto, implorando o Dom do Batismo não é algo pessoal, mas pertence a todo o povo de Deus no qual é inserido o batizado. Todos enxertados em Cristo.

c) Bênção da água batismal

A solene bênção relembra e faz memória de todas as maravilhas operadas por Deus mediante a água do Jordão.
Coloca-se o Círio dentro da água, pedindo ao Cristo que infunda nesta água a força do Espírito Santo, para que quem nela for batizado seja sepultado na morte com Cristo e ressuscite com ele para a vida. Segue-se o rito do Batismo, se houver pessoas para serem batizadas.

d) Renovação das Promessas do Batismo

Terminado o rito do Batismo, a comunidade faz a renovação de suas promessas batismais e de seu aprofundamento na fé. É o momento em que nos inserimos mais profundamente no mistério da Cristo Ressuscitado, através dos ritos da Igreja. Ficam todos de pé com as velas acesas.

2.4. Liturgia Eucarística

a) Oração Eucarística

É o momento culminante da celebração. A comunidade, reunida em torno da Páscoa, renova o mistério da imolação e glorificação de Cristo.

Batizados em Cristo, ungidos por seu Espírito, entramos em comunhão total com ele, fazendo sua a nossa vida, participando do seu mistério.

Transformados em homens e mulheres novos, nesta noite santíssima fazemos uma ação de Graças a Deus, pelo que Deus realizou em Cristo: ele é o cordeiro de Deus que tirou o pecado do mundo; morrendo, destruiu a morte e, ressuscitando, restaurou-nos a vida.

Vivos em Cristo, com ele viveremos no amor. O abraço da paz será o símbolo da paz instaurada por Cristo. Paz que dá testemunho ao mundo da vitória do Ressuscitado. As promessas se cumpriram: surgiu um novo céu e uma nova terra no gesto de amor e de fraternidade universal.

3. Preparação da Celebração

Esta é uma noite sacramental. A proclamação da Ressurreição do Senhor, mais do que um ato de fé, deve ser celebrada como uma atualização da Graça Pascal para a Comunidade. A História da Salvação, resumida nas diversas Leituras, converge para a alegria e a certeza de uma participação atual no Projeto Pascal de Deus.

Celebrar é integrar-se nessa mesma História, é tornar-se hoje personagem vivo de uma Salvação que continua acontecendo através da presença viva de Jesus Ressuscitado. Daí, a centralidade e a importância da Liturgia Batismal, que significa este mergulho do homem no mistério da Morte e Ressurreição do Senhor.

A Eucaristia une-se fortemente ao Batismo, como parte de uma só realidade sacramental: tornar-se um só Corpo com o Senhor Ressuscitado. A própria Liturgia do Sábado Santo, quando bem celebrada e participada, evidencia por si mesma a melhor Mensagem de Páscoa, que dispensa uma Homilia especial.

3.1. Sugestões

a) Fazer uma verdadeira fogueira, suficientemente distante da igreja, para que possibilite uma procissão de todos os fiéis. Cada família pode ser convidada a trazer algum pedaço de madeira ou um graveto, que juntará à fogueira, com o sentido de participar na realização deste fogo novo.
b) Ao proclamar as palavras que acompanham a incisão do Círio, o Celebrante deve fazê-lo recitando ou cantando, convidando a Comunidade a repeti-las.
c) Círio Pascal: cantar o Precônio às luz das velas, fazendo com que a Comunidade participe do canto através de aclamações. (P. Ex.: Vem, amigo, vem, irmão,/ hoje é Páscoa do Senhor./ Vem, Senhor Jesus. Amém.)
d) Liturgia da Palavra: preparar de tal forma que não seja cansativa, seja participada e comunicativa.
- fazer uma entrada solene da Bíblia, que será colocada perto do Círio Pascal e incensada antes de começar as Leituras. Se possível, fazer entrar 2 Bíblias, ama aberta no Antigo Testamento, e outra no Novo Testamento.
- fazer as leituras em forma dialogada.
- alternar entre ler, contar espontaneamente ou até cantar o conteúdo das Leituras.
- usar slides, cartazes com os temas, representação visual, corporal.
- cantar os Salmos de meditação ou substituir por cantos conhecidos, que expressem o tema da Leitura proclamada.
e) antes do Glória, montar e enfeitar o altar principal, fazendo uma procissão.
f) mais uma vez, enquanto possível, levar as crianças para um outro local onde tenham uma Celebração da Palavra adaptada a elas. Fazê-las irromper na Comunidade no momento do Glória, com cantos e gritos de alegria.
g) Liturgia Batismal: deve ser feita de tal modo que realmente seja percebida como parte integrante da Celebração Pascal. É a Ressurreição de Jesus que se comunica sacramentalmente ao ser humano.
O melhor é realizar um verdadeiro Batizado, principalmente se for de adulto. O sentido da Vigília pascal se expressa melhor no Batismo de imersão, que poderia ser feito principalmente com crianças, à semelhança da imersão do Círio Pascal. Na Ladainha de todos os Santos, acrescentar também os Santos de devoção da Comunidade. Se não for cantada, fazer com que pessoas ou grupos de pessoas façam as invocações de alguns Santos. Na renovação das promessas do Batismo, ao invés de aspergir com água benta, providenciar algumas vasilhas nas quais a água batismal seja distribuída e apresentada à Comunidade, para que possa fazer o Sinal da Cruz.
h) O abraço da Paz pode ser dado no fim da Celebração, de modo que permita uma troca
alegre e demorada de Feliz Páscoa entre todos os participantes da Celebração.

3.2. Preparar

a) para a bênção do fogo:
- uma fogueira (num lugar fora da igreja, onde o povo se reúne);
- o Círio Pascal;
- cinco grãos de incenso; um estilete;
- utensílio adequado para acender a vela com o fogo novo;
- lanterna para iluminar os textos a serem lidos;
- velas para os que participam da vigília;
- incenso; talha de barro ou turíbulo;
- utensílio para se tirar as brasas acesas do fogo novo e deitá-las na talha de barro ou turíbulo;
- tochas (acompanharão o Círio Pascal).

b) para a proclamação da Páscoa ( Exultet) e para a liturgia da palavra:
- candelabro para o Círio Pascal, posto junto à mesa da Palavra;
- uma estante para o (a) cantor(a) proclamar o Exulte e para os leitores da liturgia da palavra;
- Lecionários;
- foguetes e sino.

c) para a liturgia batismal:
- potes, jarros ou recipientes adequados, com água;
- aspérgio ou um ramo apropriado para se lançar a água benta;
- quando se administram os sacramentos da Iniciação cristã: óleo dos catecúmenos, santo crisma,
vela batismal, Ritual do Batismo.

3.3. Pessoal e Serviços

- Montadores da fogueira;
- Acendedora do fogo novo;
- Carregador(a) do Círio Pascal;
- Carregadores das tochas ( acompanharão o Círio Pascal );
- Carregadores(as) das talhas de barro ou dos turíbulos;
- Apagadores e acendedores das luzes da igreja;
- Cantor(a) da proclamação da Páscoa (Exulte);
- Leitores; são propostas nove leituras: sete do Antigo Testamento e duas do Novo Testamento (Epístola e Evangelho). Por razões pastorais pode-se diminuir o número de leituras do Antigo Testamento, sendo que a terceira (Êx 14,15-15,1) não pode ser omitida;
- Salmista(s) ou cantor(es) para os Salmos Responsoriais das Leituras;
- Arrumadeiras do altar (enfeites e adornos apropriados, no momento em que se entoa o Hino de Louvor);
- Batedores de Sinos;
- Soltadores de foguetes; (ao entoar o hino Glória a Deus nas alturas, tocam-se os sinos e soltam-se os foguetes);
- Carregadoras dos jarros ou potes, com água;
- Benzedeiras, (ministras ou ministros) para aspergirem a assembléia com a água benta;
- Apresentadores(as) dos catecúmenos;
- Organizadores(as) da procissão até a pia batismal ou ao batistério;
- Servidoras(es) da mesa do pão.

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