quinta-feira, 11 de março de 2010

Vivendo a Semana Santa I (Domingo de Ramos)


DOMINGO
DE RAMOS


1. Introdução

Em Jerusalém, tanto tempo atrás, Jesus entrava de modo triunfante, aclamado pelas multidões. Hoje, na mesma cidade, cristãos de todo o mundo fazem o mesmo percurso que Jesus fez, manifestando a fé e conservando a mesma fé, embora com um sofrimento muito grande, por causa das perseguições que lá ainda existem. Nós fazemos o mesmo gesto com a mesma fé. Santo André de Creta nos ensina: “Corramos, pois, com aquele que se dirige a Jerusalém para chegar logo à Paixão, e imitemos aqueles que foram ao seu encontro. Não vamos com ramos de árvores, mas para colocar debaixo de sua pessoa nossas próprias pessoas com um Espírito de humanidade e coração sincero, para ouvir sua palavra que vem a nós e dar lugar a Deus”.

A celebração de hoje tem dois momentos: Bênção dos ramos, com a procissão entusiasmada de louvor, e a Missa, onde retomamos o caminho da Quaresma na reflexão sobre a Morte e Ressurreição do Senhor. Os ramos são abençoados; e nós os levaremos para casa num sinal de compromisso com aquele que aclamamos.

A multidão, somando crianças e estrangeiros, aclama. Marca o momento da ruptura de Jesus com os aristocratas e com os chefes dos Judeus. Podemos ver que é o mesmo povo que receberá a intervenção de Pentecostes. São aqueles a quem foram revelados os segredos do reino (Lc 10,21). São os verdadeiros adoradores do Pai (Jo 4,23).

Jesus vem como o Messias predito pelo profeta Zacarias: manso, na montadura do povo, como Davi, indicando um projeto de reino da Justiça, do Amor e da Paz, tendo quebrado toda violência. Toda a natureza o acolhe: são os ramos de palmeira e oliveira. São crianças que, se forem caladas, falarão as pedras. Os ramos de palmeira significam a vitória de Cristo sobre a morte, pela ressurreição, e o sentido da vida. Os ramos de oliveira significam sua unção espiritual. É o Cristo, do qual nos vem toda a força, toda a vida.

Com todo o nosso ardor celebremos e clamemos, exultando com sua glória. Este amor nasce em nosso coração quando nós somos tão amados de Cristo. Não se trata de um ato do passado, de uma recordação. O hoje do mistério celebrado leva a reconhecer a divindade de Jesus. Somos chamados a compartilhar de sus paixão e ser instrumento para a redenção do mundo.

2. Bênção e Procissão

2.1. Bênção dos Ramos

A bênção dos ramos evoca a caminhada de Jesus à Jerusalém terrestre. Estimula-nos e convida a continuar a caminhada até a Jerusalém celeste, o céu.

2.2. Evangelho da entrada de Jesus em Jerusalém

A narração da entrada de Jesus em Jerusalém mostra o gesto de Jesus, como o rei da paz, cuja vitória está na humildade que quebra as armas da violência. É também realização do Deuteronômio (Dt 18,15) que fala do profeta como Moisés. Assim temos as características de seu reino: simplicidade, acolhimento de todo tipo de pessoa. Mostra igualmente a vitória sobre sua dolorosa Paixão. Se houver a recusa pelos chefes que o crucificaram, já houve uma vitória, uma aceitação fundamental por parte do povo, os pobres de Javé, aqueles que cantam para Deus. Como o acolhe hoje o nosso povo? A glorificação por parte de muitíssimos do povo é já o anúncio de sua glorificação da cruz. É também sua gloriosa ressurreição, meta final de sua caminhada para Jerusalém. Os discípulos compreenderão mais tarde, à luz da ressurreição.

3. Procissão

Nós imitamos agora o gesto das multidões que acolheram Jesus como Bendito que vem em nome do Senhor. Entramos com ele na cidade, aclamamos e tendo nele as mais profundas esperanças. Com a mesma disposição façamos a caminhada para nossa cidade, firme manifestação de que temos uma opção: Jesus é o centro de nossa vida. Os ramos serão a lembrança do compromisso e deste encontro de hoje; nós os usaremos nos momentos de tempestades na vida, para nos dar segurança naquele que vem em nome do Senhor. Mais que uma recordação, é nossa caminhada com Cristo para sua entrega a Deus, ato central de nossa redenção.

4. A Missa

4.1. Oração

A celebração da Eucaristia começa com a oração da missa. A missa tem caráter de reflexão sobre a Paixão, mudando o festivo da procissão. É no acolhimento de sua palavra, de sua pessoa redentora que nos tornaremos participante de seu mistério. A oração da missa, lembrando o exemplo de humildade de Cristo demonstrada no seu sofrimento, conduz a comunidade a aprender de sua paixão para chegar à sua ressurreição.

4.2. Primeira Leitura (Is 50,4-7)

A leitura da Palavra traz o Cristo na sua Paixão. Ela não é só um sofrimento, mas uma escolha que o Filho de Deus fez, na sua encarnação, de chegar ao extremo de sua igualdade com as pessoas, para fazer a ressurreição de todos. A primeira leitura é o terceiro cântico do Servo de Javé. A liturgia identifica este servo com Jesus que, pelo sofrimento e humilhação (Arrancar a barba) e resistência, nos entende e ensina a aprender da dor e do sofrimento a aproximar-nos das pessoas e falar com elas.

4.3. Segunda Leitura (Fl 2,6-11)

O servo de Javé, Jesus, humilhou-se ao extremo sofrimento: morte de cruz. Sua aniquilação é sua exaltação. Somos convidados a Ter os mesmos sentimentos de Jesus: participar de sua morte para chegar à sua ressurreição. Este é seu Evangelho.

4.4. Evangelho (Paixão do Senhor)

Ano A: (Mt 26,14-27 ,66;27,11-54)
Jesus realiza sua paixão na total entrega ao Pai, na plena liberdade de seu Dom. é abandonado, traído, renegado. É o homem que morre pelo povo.

Ano B: (Mc 14,1-15,47; ou 15,1-39)
O sofrimento e a morte de Jesus levam a crer: este homem é Messias, Filho de Deus. A fé é completa quando passamos por Jesus na cruz para chegar à ressurreição com ele. Quando o véu do templo se rasga, podemos também entrar no santuário do novo relacionamento de Deus com seu povo.

Ano C: (Lc 22,14-23,56; ou 23,1-49)
A caminhada de Jesus desde a Galiléia chega aos seus passos finais com a proclamação do letreiro da cruz: este é o rei dos judeus! Fala também: lembra-te de mim quando estiveres no teu reino, diz o ladrão. E Jesus: hoje estarás comigo no paraíso. O centurião dá glória a Deus: este homem era justo.

Mensagem

Acolhamos a chegada de Cristo para implantar o reino de Deus em nós. Acolhamos sua Paixão. Agora, durante este tempo que nos separa de sua Ressurreição, estejamos firmes na palavra, seguros na sua cruz, procurando entender os caminhos que nos levam a segui-los perto para estar no momento mais alto da ressurreição.

5. Sugestões

a) Preparar as ruas com um tapete de folhas, por onde passará a procissão.
b) Um burrinho real pode se usado, colocando sobre ele alguma figura representando Jesus: pode ser uma criança, significando o inocente que será condenado; ou algum símbolo, como a figura de um cordeiro ou de uma Cruz.
c) A proclamação da Paixão deve ser bem preparada. Ser criativa para comunicar melhor.
d) Algumas sugestões:

• criar mais movimentos para a Assembléia, fazendo com que mudem mais vezes de posição: sentados (P. ex.: Ceia 26,14-29; Julgamento: 26,57-75;27,1-30), de pé (P. ex.: Agonia e prisão: 26,30-56; Caminho da Cruz: 27,31-50; Enterro: 27,55-66); ajoelhados (P. ex.: Morte: 27,51-54);
• usar projeção de slides ou cartazes com desenhos ou frases que destaquem os vários episódios da Paixão;
• entremear os vários episódios com cantos correspondentes cantados por todo o Povo;
• fazer a proclamação da Paixão ao longo de uma procissão, à semelhança de uma Via-Sacra, que poderia ser ao redor da própria igreja, ou então fazer com que o grupo de Leitores se movimente dentro da igreja;
• enquanto possível, durante a proclamação da Paixão, proporcionar às crianças um outro local onde possam Ter uma catequese apropriada sobre o Domingo de Ramos, através de Catequistas, usando vídeos, cantos teatrinhos etc. as crianças voltariam à igreja para a procissão das Oferendas.

6. Preparação

O documento conciliar Sacrosanctum Concilium (SC) e a Instrução Geral do Missal Romano (IGMR), ao se referirem à atuação na liturgia, falam de serviço, função, parte, encargo, ministério, ministério particular, ofício (Cf. SC 11, 14, 19, 21, 26, 28;IGMR nn. 58-73.127-152).

Olhando para as celebrações litúrgicas da Semana Santa, devemos considerar como um serviço litúrgico as atividades, funções e papéis que ajudam na participação ativa e consciente da assembléia e na realização plena da celebração.

São atividades exercidas pelos fiéis, movidos pela fé. Não precisam do reconhecimento da comunidade. Devem ter certa consistência e estabilidade, vistas como necessárias à realização das ações litúrgicas.

Preparar:

1. Ramos;
2. carvão;
3. incenso;
4. talha de barro ou turíbulo;
5. água benta;
6. cruz processional;
7. mesa pequena;
8. paramentos vermelhos (capa ou casula para o sacerdote);
9. livro dos Evangelhos.

Pessoal e Serviços:

1. Apanhadores dos ramos (serviço que deve ser feito no dia anterior);
2. Preparadores(as) dos ramos (separar os molhos);
3. Ornamentadora da cruz processional (colocar na haste da cruz um ramo grande e bonito);
4. Ornamentadoras da Igreja ( enfeitar a igreja com muitos ramos, criando ambiente festivo);
5. Arrumadeiras da pequena mesa (preparar uma mesa, enfeitando-a para se colocarem os ramos, água benta, a toalha de barro ou o turíbulo e o incenso);
6. Distribuidores(as) dos ramos (distribuir logo após a bênção dos ramos e antes da proclamação do Evangelho);
7. Carregadores(as) das talhas de barro ou do turíbulo;
8. Carregador (acólito) da cruz processional;
9. Carregadores (acólitos) das velas ladeando a cruz processional;
10. Organizadores e animadores da procissão com os ramos bentos;
11. Leitores: o diácono ou, na falta dele, o sacerdote proclama o evangelho da entrada de Jesus em Jerusalém. A história da Paixão que será lida na missa pode ser feita também por leigos(as).

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